Vape e saúde vascular: 10 fatos que você precisa saber

Nos últimos anos, os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), mais conhecidos como vape, ganhou popularidade como uma alternativa aparentemente mais segura ao cigarro tradicional. Com design moderno e uma infinidade de sabores disponíveis, esses dispositivos têm conquistado um público jovem e diversificado. 

De acordo com uma pesquisa feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) e publicada pela CNN, “2,9 milhões [de pessoas] consomem os vapes no país [Brasil]. O número é cinco vezes maior do que o divulgado na pesquisa feita no ano anterior, quando 2,2 milhões de brasileiros afirmaram consumir os dispositivos”.

No entanto, é preciso atenção quando se diz que o vape é inofensivo. Um estudo apresentado na reunião anual da Radiological Society of North America, em Chicago, nos Estados Unidos, em 2024, “identificou efeitos agudos do fumo de cigarro e cigarro eletrônico na função vascular, mesmo sem nicotina”.

Vamos entender, neste texto, quais os efeitos do vape na saúde vascular. 

O que é o vape?

Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), amplamente conhecidos como cigarros eletrônicos, vaporizadores, vapes, pods, e-cigs, e-cigars, e-cigarettes ou produtos de tabaco aquecido, são aparelhos que geram aerossóis. 

Esses aerossóis são produzidos a partir do aquecimento de uma solução líquida composta por solventes, diferentes concentrações de nicotina, água, aromatizantes e outros aditivos, ou, em alguns casos, diretamente do aquecimento do tabaco.

As pessoas que consomem esse tipo de produto têm uma exposição maior a substâncias ultrafinas e em altas concentrações. Apesar de não ter a combustão (que acontece no cigarro convencional) os fumantes têm contato com aromatizantes e saborizantes, por exemplo, em maior quantidade. Alguns ainda contêm sal de nicotina, que torna a dependência mais rápida e intensa.

Cigarro eletrônico e saúde vascular

Mesmo sem a presença de nicotina (como no cigarro convencional), o uso de vapes pode causar danos significativos à saúde vascular.

“No estudo conduzido na Universidade da Pensilvânia, [e apresentado em Chicago em 2024] o Dr. Nabbout e colegas buscaram identificar os efeitos agudos do tabagismo na função vascular e os efeitos imediatos do uso de cigarros eletrônicos, com e sem nicotina”.

O resultado da pesquisa, que foi feita em pessoas entre 21 e 49 anos, revelou que “após a inalação de cada tipo de vaporização ou fumo, houve uma diminuição significativa na velocidade do fluxo sanguíneo em repouso na artéria femoral superficial. Esta artéria corre ao longo da coxa e fornece sangue oxigenado para toda a parte inferior do corpo. A diminuição da função vascular foi mais pronunciada após a inalação de cigarros eletrônicos contendo nicotina, seguido por cigarros eletrônicos sem nicotina. A diminuição da saturação venosa de oxigênio também estava presente em vapers, independentemente de os cigarros eletrônicos conterem ou não nicotina. Isso sugere uma diminuição imediata na captação de oxigênio pelos pulmões após a vaporização.

Outros riscos para a saúde

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), evidências científicas consistentes indicam uma variedade de efeitos adversos à saúde associados ao uso de cigarros eletrônicos. 

Entre os principais efeitos, destacam-se:

1. Obstrução das vias respiratórias: o uso de cigarros eletrônicos pode provocar inflamação nas vias aéreas, resultando em dificuldades respiratórias, tosse e chiado.
2. Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, fatores que elevam o risco de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
3. Rigidez arterial, que pode prejudicar o fluxo sanguíneo para os órgãos e tecidos.
4. Redução do fluxo sanguíneo, comprometendo a entrega de oxigênio aos tecidos e aumentando o risco de danos aos órgãos.
5. Ativação da resposta imunológica, gerando inflamação e danos nos tecidos.
6. Alterações no equilíbrio do sistema cardíaco autônomo, o que pode resultar em distúrbios cardíacos.
7. Desregulação de genes ligados ao sistema imunológico, o que pode predispor o corpo a infecções.
8. Exposição prolongada aos aerossóis dos cigarros eletrônicos pode causar danos ao DNA, aumentando as chances de desenvolvimento de câncer.
9. Em modelos animais, a exposição contínua aos aerossóis tem sido associada ao surgimento de adenocarcinoma e hiperplasia urotelial da bexiga.
10. O acúmulo de macrófagos carregados de lipídios no pulmão também foi observado em modelos animais expostos aos aerossóis, o que pode afetar negativamente a função pulmonar.

Danos a longo prazo

Os impactos do vape no sistema vascular, a longo prazo, pode acelerar o envelhecimento dos vasos sanguíneos, comprometendo sua capacidade de responder às demandas do corpo. Essa rigidez dos vasos está diretamente associada a doenças crônicas, como insuficiência vascular e disfunção endotelial, que, quando não tratadas, podem comprometer seriamente a qualidade de vida.

Outra questão preocupante é que o uso de vapes por longos períodos pode causar um efeito acumulativo, tornando o organismo mais suscetível a condições como a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar. 

A diminuição da oxigenação dos tecidos também afeta o metabolismo celular, enfraquecendo o sistema imunológico e contribuindo para o desenvolvimento de outras doenças sistêmicas.

Cuide da sua saúde

Diante das evidências científicas, é essencial reforçar que o uso de cigarros eletrônicos não é seguro e pode trazer consequências sérias para a saúde vascular e geral. 

Se você quer cuidar da saúde vascular ou se preocupa com os efeitos do vape no sistema circulatório, agende uma consulta com o cirurgião vascular e angiologista Fábio Rocha, que é adepto da Slow Medicine. 

Ele está preparado para fazer uma avaliação e oferecer orientações baseadas em evidências científicas para prevenir e tratar possíveis complicações.