Como é a recuperação de um paciente que sofreu AVC?

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição grave que pode deixar sequelas variadas e afetar profundamente a vida do paciente. Ele está entre as principais causas de mortalidade, internações hospitalares e incapacidades em todo o mundo.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) revelou um crescimento expressivo no número de mortes provocadas pela condição nos últimos anos.

Em 2020, segundo o estudo, o Brasil registrou 105.894 óbitos em decorrência de AVC — número superior ao total de mortes por infarto no mesmo período, que foi de 97.779. Em 2024, essa diferença se acentuou ainda mais. Considerando os dados disponíveis até junho, as mortes por AVC já estavam 8,78% acima das causadas por infarto.

Após o atendimento emergencial, a fase seguinte é a recuperação, que exige paciência, acompanhamento especializado e apoio familiar. 

Cada pessoa evolui de forma diferente, dependendo da extensão do dano cerebral e do tratamento recebido.

A seguir, você verá como ocorre o processo de recuperação após um AVC, quais são os principais tipos de sequelas, os profissionais envolvidos na reabilitação e as medidas que ajudam o paciente a reconquistar autonomia e qualidade de vida. 

Continue a leitura para entender o caminho possível após o AVC.

Principais sequelas após um AVC

O AVC pode afetar diferentes funções do corpo e do cérebro, resultando em consequências que variam desde a recuperação total até limitações importantes. 

A Sociedade Brasileira de Acidente Vascular Cerebral (SBAVC) destaca as sequelas mais comuns, que envolvem funções motoras, sensoriais, cognitivas e emocionais.

Alterações motoras e sensoriais

Um dos efeitos mais frequentes é a fraqueza ou a perda de força em um dos lados do corpo, chamada hemiparesia quando parcial, ou hemiplegia, se total. 

Isso dificulta os movimentos e compromete a realização de tarefas simples. A rigidez muscular, chamada de espasticidade, pode causar dores, posturas inadequadas e restringir ainda mais a movimentação.

O AVC também pode gerar perda da sensibilidade ao toque, dor, temperatura e posição do corpo. Em alguns casos, o paciente pode sentir dormência, formigamento ou dor crônica, que pode ter origem tanto mecânica (pela compensação muscular), quanto neurológica (chamada dor neuropática).

Outro problema comum é a disfagia, dificuldade para engolir, que requer atenção especial para evitar riscos de aspiração e desnutrição.

Distúrbios na comunicação e cognição

O comprometimento da fala pode surgir de duas formas principais: pela fraqueza dos músculos usados na articulação (disartria) ou pelo dano às áreas cerebrais responsáveis pela linguagem, gerando afasia, que dificulta a compreensão ou a expressão verbal e escrita.

Além disso, o AVC pode causar alterações cognitivas, afetando a memória, o raciocínio, a atenção e a capacidade de planejar e executar tarefas. 

Algumas pessoas apresentam dificuldades para reconhecer seu próprio corpo (anosognosia), responder a estímulos do lado afetado (negligência) ou realizar movimentos voluntários coordenados (apraxia).

Impactos emocionais

É comum que pacientes pós AVC enfrentem alterações no humor, como ansiedade e depressão. 

O sentimento de frustração, a perda de independência e o medo de recaídas influenciam o estado emocional, o que pode interferir diretamente na motivação para o tratamento.

Mulher idosa sentada, com expressão pensativa, segurando uma bengala com as duas mãos apoiadas no cabo.
Imagem Ilustrativa | Foto: Freepik

Etapas da recuperação após o AVC

A recuperação do AVC pode ser dividida em fases, cada uma com objetivos e intervenções específicas:

1. Fase aguda

Essa fase corresponde às primeiras horas e dias após o AVC, quando o foco está na estabilização do paciente, controle dos sinais vitais e prevenção de complicações imediatas. 

Durante esse período, o tratamento é intensivo e pode envolver medicações para dissolver ou remover coágulos, controle da pressão arterial, suporte respiratório e cuidados neurológicos especializados.

2. Fase subaguda

Inicia-se após a estabilização clínica e dura semanas a meses. Nessa etapa, começa a reabilitação ativa com o objetivo de recuperar as funções comprometidas. 

É quando o paciente recebe fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e suporte psicológico, de acordo com as necessidades identificadas. Estimula-se a mobilização precoce para evitar complicações como trombose venosa, fraqueza muscular e rigidez.

3. Fase crônica

A partir de três a seis meses pós-AVC, inicia-se a fase crônica, na qual o foco é a continuidade da reabilitação para melhorar ou manter ganhos funcionais, lidar com sequelas persistentes e promover a reintegração social. O acompanhamento médico é mantido para prevenção de novos AVCs e controle de fatores de risco.

O que envolve a reabilitação após um AVC?

A recuperação é um processo multidisciplinar, envolvendo várias especialidades:

  • Fisioterapia: Trabalha a recuperação motora, equilíbrio e coordenação, ajudando o paciente a recuperar movimentos e a independência nas atividades diárias.
  • Terapia ocupacional: Auxilia na adaptação para realizar tarefas domésticas, profissionais e sociais, melhorando a autonomia.
  • Fonoaudiologia: Fundamental para pacientes com dificuldades na fala, deglutição e comunicação.
  • Psicologia: Apoia no enfrentamento emocional das limitações, ansiedade e depressão, muito comuns após o AVC.
  • Nutrição: Essencial para orientar uma alimentação saudável que favoreça a recuperação e prevenir novos eventos.
  • Assistência social: Oferece suporte para reinserção social e familiar, além de acesso a recursos e benefícios.

A duração e intensidade da reabilitação variam conforme a gravidade do AVC e as condições individuais. A estimulação precoce, iniciada assim que possível, está associada a melhores resultados.

Fatores que influenciam na recuperação

Diversos aspectos afetam o processo:

  • Local e extensão da lesão cerebral: Quanto maior e mais central for a área afetada, maiores os desafios.
  • Idade e estado geral de saúde: Pacientes mais jovens e sem doenças associadas tendem a apresentar recuperação mais rápida.
  • Rapidez do atendimento inicial: Quanto mais rápido o tratamento, menores os danos permanentes.
  • Apoio familiar: A presença e o estímulo da família ajudam a manter a motivação e aderência ao tratamento.
  • Controle dos fatores de risco: Como hipertensão, diabetes e tabagismo, para evitar novos AVCs.

AVC: como paciente e familiares podem colaborar?

O envolvimento ativo do paciente e da rede de apoio faz diferença. É importante manter as consultas médicas, seguir orientações sobre medicações e participar das sessões de reabilitação. 

A casa deve ser adaptada para evitar quedas e facilitar a mobilidade. Além disso, incentivar uma rotina com exercícios, alimentação equilibrada e cuidado emocional contribui para a qualidade de vida e prevenção de novas complicações.

Se ainda está com dúvidas sobre como proceder após um AVC, o cirurgião vascular e angiologista, Fábio Rocha, adepto da Slow Medicine, está pronto para orientar. Para marcar uma consulta entre em contato clicando aqui.

Veja também:

27-06-2025

Erisipela bolhosa: conheça os principais sintomas

Considerada uma doença infecciosa da pele que pode ser facilmente adquirida, a erisipela bolhosa pode causar muito sofrimento ao paciente…

Leia mais
25-06-2025

Por que o refluxo na safena é perigoso para suas pernas e sua saúde?

Suas dores nas pernas não devem ser ignoradas em nenhuma circunstância – elas podem ser um sinal de alguma doença,…

Leia mais
19-06-2025

Câncer e trombose: entenda a relação e por que é preciso atenção especializada

A associação entre câncer e trombose é uma realidade cada vez mais reconhecida na prática clínica.  Segundo a Sociedade Brasileira…

Leia mais

Copyright © 2025 Dr. Fábio Rocha. Todos direitos reservados.

Desenvolvido por