As doenças vasculares, como trombose, varizes e aneurismas, são condições complexas influenciadas por múltiplos fatores, sendo a genética um dos elementos mais determinantes.
A predisposição genética significa que certos indivíduos herdam alterações genéticas que aumentam o risco de desenvolver essas condições ao longo da vida, especialmente quando combinadas com hábitos e condições de saúde específicas.
Neste texto, você vai entender melhor os fatores hereditários que elevam esse risco, como identificar predisposições e a importância de adotar um estilo de vida saudável para minimizar os impactos. Vamos lá?
As doenças vasculares envolvem uma série de condições que afetam o sistema circulatório, incluindo artérias, veias e vasos linfáticos. Essas doenças podem comprometer o fluxo sanguíneo para órgãos e tecidos, levando a problemas graves de saúde.
Entre os tipos mais comuns de doenças vasculares estão a trombose venosa profunda (TVP), as varizes, os aneurismas e a arteriosclerose.
A seguir, vamos entender melhor cada uma dessas condições:
A trombose venosa profunda ocorre quando um coágulo sanguíneo (trombo) se forma em uma veia profunda, geralmente nas pernas. Esse coágulo impede o fluxo normal do sangue e pode causar inchaço, dor e vermelhidão na área afetada.
O maior perigo da TVP é o risco de embolia pulmonar, quando o coágulo se desloca para o pulmão, bloqueando a circulação e podendo ser fatal.
Fatores de risco incluem sedentarismo, uso de anticoncepcionais e predisposição genética (como a mutação do Fator V de Leiden). Além disso, estudos mostram que longos períodos de imobilidade, como viagens prolongadas, aumentam o risco de TVP.
As varizes são veias dilatadas e torcidas que aparecem geralmente nas pernas e pés. Elas ocorrem quando as válvulas nas veias, que normalmente ajudam a regular o fluxo sanguíneo em direção ao coração, enfraquecem ou falham.
Isso faz com que o sangue se acumule, aumentando a pressão e dilatando as veias. As varizes podem causar dor, sensação de peso nas pernas e, em casos graves, levar a complicações como úlceras venosas e flebite (inflamação das veias).
Fatores de risco incluem histórico familiar, obesidade, sedentarismo e profissões que exigem longos períodos em pé.
Os aneurismas são dilatações anormais das paredes das artérias, comumente observadas na aorta (principal artéria do corpo). A formação do aneurisma é geralmente causada por uma fraqueza na parede do vaso sanguíneo, que pode resultar de fatores genéticos, hipertensão ou inflamação.
Existem diferentes tipos de aneurismas, incluindo o aneurisma de aorta abdominal (AAA) e o aneurisma cerebral, ambos com alto risco de rompimento, o que pode ser fatal. Estudos indicam que fatores genéticos que afetam a estrutura do colágeno nas paredes arteriais são determinantes para a ocorrência de aneurismas.
A arteriosclerose é o endurecimento e estreitamento das artérias devido ao acúmulo de placas compostas de gordura, colesterol e outras substâncias. Este acúmulo leva a uma redução do fluxo sanguíneo, aumentando o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
A arteriosclerose é amplamente influenciada pelo estilo de vida, com fatores como dieta rica em gorduras, tabagismo e falta de atividade física sendo altamente associados ao seu desenvolvimento. A genética também desempenha um papel, pois algumas pessoas possuem predisposição hereditária para níveis elevados de colesterol e pressão arterial alta, fatores que aceleram a arteriosclerose.
Para entender como a genética contribui para o surgimento de doenças vasculares, é importante analisar o papel de genes específicos e suas interações com os processos biológicos que mantêm a integridade dos vasos sanguíneos.
Abaixo, você vai explorar mais detalhadamente como as mutações e variações genéticas interferem em três mecanismos principais: a coagulação do sangue, a elasticidade das paredes vasculares e a resposta inflamatória.
Esses fatores, quando influenciados pela genética, podem predispor uma pessoa a desenvolver condições como trombose, aneurismas e varizes.
A coagulação do sangue é um processo vital para evitar hemorragias, mas deve ser equilibrada para evitar coágulos excessivos, que podem bloquear vasos sanguíneos. Genes como o Fator V de Leiden e o gene da protrombina (F2) estão diretamente envolvidos neste processo e podem apresentar mutações que aumentam a propensão para coagulação.
Fator V de Leiden: esta mutação genética faz com que o Fator V, uma proteína crucial para a coagulação, se torne resistente à degradação pela proteína C ativada, que normalmente ajuda a modular a coagulação. Como resultado, o sangue coagula mais facilmente, elevando o risco de trombose venosa profunda (TVP). Estudos mostram que portadores da mutação do Fator V de Leiden têm um risco cinco a dez vezes maior de desenvolver trombose comparado a não portadores.
Mutação no Gene da Protrombina (F2): a protrombina, precursor da trombina, também é crítica para a coagulação. Uma mutação no gene F2 aumenta a produção de protrombina, o que acelera a coagulação, elevando o risco de trombose. Essa mutação é mais comum em pessoas de ascendência europeia, com uma prevalência de cerca de 2-5% na população.
Essas mutações herdadas são detectáveis por testes genéticos específicos, que podem ser recomendados para pessoas com histórico familiar de trombose.
A integridade estrutural das veias e artérias depende de proteínas de suporte, como o colágeno, e enzimas reguladoras, como as metaloproteinases (MMP), que controlam a remodelação das paredes vasculares.
Genes do Colágeno (COL1A1, COL3A1): mutantes nesses genes podem enfraquecer a produção e estrutura do colágeno, reduzindo a elasticidade e resistência dos vasos. Em pessoas predispostas, as paredes dos vasos ficam mais suscetíveis à dilatação, facilitando a formação de varizes e aneurismas. Por exemplo, o gene COL3A1, associado ao colágeno do tipo III, é frequentemente relacionado com aneurismas devido à sua função estrutural em vasos maiores, como a aorta.
Metaloproteinases (MMP-2 e MMP-9): as MMPs são enzimas que remodelam o tecido conjuntivo. A superexpressão de MMP-2 e MMP-9 pode degradar excessivamente o colágeno e outras proteínas estruturais, o que enfraquece as paredes dos vasos e favorece a formação de aneurismas. Polimorfismos genéticos nesses genes têm sido associados a um risco maior de aneurisma intracraniano e aórtico.
Alterações nesses genes podem ser identificadas por análises genéticas detalhadas, especialmente em indivíduos com parentes de primeiro grau que já apresentaram aneurismas ou varizes.
A inflamação crônica pode danificar a parede dos vasos, tornando-os mais propensos a doenças vasculares. A genética influencia essa resposta inflamatória, afetando a produção de citocinas e outras moléculas inflamatórias.
Polimorfismos no Gene IL-6: o gene da interleucina-6 (IL-6) codifica uma citocina pro-inflamatória que, quando produzida em excesso, pode aumentar o acúmulo de placas e estreitar as artérias, contribuindo para arteriosclerose e aumentando o risco de trombose. Estudos mostram que certas variantes do gene IL-6 estão associadas a uma resposta inflamatória exacerbada, levando a um maior risco de doenças cardiovasculares e trombose.
Fatores relacionados ao Gene TNF-α: o gene do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) também regula a resposta inflamatória. Polimorfismos que aumentam a atividade do TNF-α podem amplificar processos inflamatórios crônicos nas paredes dos vasos, facilitando o desenvolvimento de arteriosclerose e aneurismas.
A combinação dessas predisposições genéticas inflamatórias com fatores de estilo de vida (como tabagismo, dieta rica em gordura e sedentarismo) pode aumentar significativamente o risco de doenças vasculares.
Para pessoas com um histórico familiar significativo de doenças vasculares, entender essas predisposições genéticas pode orientar a adoção de estratégias de prevenção eficazes.
Testes genéticos para identificar mutações no Fator V de Leiden, no gene da protrombina, e variações nos genes de colágeno e de resposta inflamatória, são indicados para indivíduos com parentes próximos diagnosticados com essas condições.
Isso permite que o médico avalie o risco e personalize estratégias de prevenção, como o uso de anticoagulantes, mudanças no estilo de vida e, em casos específicos, monitoramento mais frequente com exames de imagem.
Essas informações genéticas e o histórico familiar são uma ferramenta valiosa para um diagnóstico precoce e uma abordagem preventiva adequada, reduzindo os riscos de complicações graves.
A prevenção das doenças vasculares passa por um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividades físicas, uma alimentação balanceada e o controle de fatores de risco como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.
Em casos de histórico familiar, o acompanhamento médico é essencial para o diagnóstico precoce, permitindo o monitoramento de condições como aneurismas e arteriosclerose antes que se tornem graves.
Para aqueles com predisposição genética, consultas regulares com um especialista em saúde vascular, como o Dr. Fabio Rocha, podem ajudar a planejar ações preventivas e realizar testes adequados para identificar possíveis condições vasculares.
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